terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cabeça de Homem - Meu Carro Minha Paixão!!


Sim, você sabe: nós, homens, adoramos carros. Aliás, todo mundo sabe. Esse amor é tanto que, para alguns caras, é o único ser a quem conseguem ser fiéis. Homens gostam de carros mesmo sem saber articular o motivo. A venda de carros no Brasil tem batido recorde ano após ano: 2009 superou 2008, que já tinha batido 2007, que tinha superado o recorde anterior. Este ano, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) espera aumento de 8% em relação a 2009. Carros fazem a gente se sentir o máximo. Eles nos deixam atraentes (mas há controvérsias…). São divertidos, barulhentos, fortificantes e perigosos nesta época em que a sociedade conspira para nos tirar essas emoções masculinas de milhares de formas sutis. Jovens ou velhos, ricos ou pobres, baladeiros estilosos ou barbudos solitários, os homens adoram um carro. É a única máquina que define nossa tribo. E aqui perguntamos… por quê?
NOSSOS CARROS NOS FAZEM HOMENS
Os homens amam dirigir. Se você observar as famílias em férias parando em restaurantes de estrada, é quase sempre o pai quem está ao volante. O mesmo vale para casais de namorados. São os homens que dirigem. Um estudo da Universidade de Minnesota (EUA) descobriu duas razões pelas quais os homens amam a direção: os apelos de afirmar a masculinidade por meio da tecnologia, e o de estar no controle do próprio “destino”. Este último motivo pode ser discutível, claro, mas eles certamente nos colocam no controle do destino da viagem ou do passeio.
Tornar-se um motorista é também um marco na vida de um homem. Com isso vem sua identidade. Um estudo feito em 2003 no Reino Unido observou que, embora homens e mulheres gostem dos benefícios psicos sociais proporcionados pelo automóvel – sentimentos de autonomia, proteção e prestígio –, somente os homens obtêm aumentos mensuráveis de autoestima. O estudo também concluiu que o tipo do carro traz benefícios psicológicos aos homens, mas não às mulheres. Aí está a demonstração do efeito do esportivo.
NOSSOS CARROS NOS ENTENDEM
Sejamos francos: os carros dão a nossos impulsos primitivos uma espada de 1 800 kg. Uma pesquisa do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostrou que apenas 11% dos condutores envolvidos em acidentes de trânsito com vítimas, ocorridos entre os anos de 2004 e 2007, eram mulheres. Seja em um semáforo da Avenida Brasil, em São Paulo, seja no circuito de Interlagos, o automóvel tem nos permitido dar vazão a nossos antigos impulsos de gladiadores. Esta é uma grande diferença entre o homem e a mulher. (Sim, as mulheres também dirigem, e algumas correm bem, mas, tirando exceções como Danica Patrick, elas não costumam expressar agressividade com máquinas de quatro rodas.) E aqui está o problema que nenhuma legislação de segurança no mundo consegue remediar: correr é gostoso. É divertido para valer. Os carros são o primeiro e mais popular esporte radical da sociedade industrializada.
Mas o que está por trás da tremenda intimidade entre nós e a velocidade, entre homens e carros? Bem, os homens não são simplesmente donos – eles têm um relacionamento com o carro. Uma análise publicada em julho de 2009 em Psychology of Men & Masculinityobserva que os homens têm mais dificuldade em identificar e verbalizar emoções. Isso se chama alexitimia. Em outras palavras, do ponto de vista psicológico, somos uma espécie de paspalhos emocionais com a língua meio presa. A beleza de todas as máquinas, mas particularmente dos automóveis, é que elas não exigem inteligência emocional. Os automóveis são racionais e finitos. São sistemas ordenados feitos de aço, fogo e eletricidade. Os carros permitem que os homens desliguem seu hemisfério cerebral direito, normalmente inferior e inconveniente. Não importa se é um garoto de 20 anos instalando um turbo em um Gol ou um velhote polindo seu Maverick, o homem saboreia o processo mais do que os resultados, as horas de tranquilidade com objetivo, quando o que se tem é um parafuso, uma ferramenta e um trabalho a ser feito. Além do mais, os automóveis põem nossa cabeça em ordem. Você pode deixar um carro tinindo, perfeito. O mundo é um lugar bagunçado, cheio de entropia e desordem. Nossos camaradas humanos são, de muitas formas, criaturas fracassadas que inevitavelmente falham. Os homens tendem a buscar saídas para impor ordem, perfeição – colecionando selos, organizando suas bibliotecas particulares, montando navios em garrafas. O automóvel, recebendo doses suficientes de cera, óleo, cromação e pintura, pode ser elevado a um estado imaculado… até virginal, se você preferir. Se a felicidade é a culminação de muitos sucessos, trabalhar em um automóvel é uma empreitada que gera bênçãos inigualáveis.

NOSSOS CARROS SEDUZEM AS MULHERES
Em 2008, a seguradora de modelos de luxo britânica Hiscox divulgou os resultados de um estudo aparentemente confirmando tudo o que queríamos que fosse verdade. Um grupo de 20 homens e 20 mulheres com idades entre 22 e 61 anos foi exposto a 30 segundos de gravações de roncos de motores – Lamborghini, Maserati, Ferrari e um morno Volkswagen Polo, para contrastar. As mulheres ficavam sexualmente excitadas com o ruído de um carro esportivo de alto desempenho.
“Podemos afirmar com segurança que o ronco de um motor de luxo realmente causa uma resposta fisiológica primitiva”, relatou o autor do estudo, David Moxon. O estudo da Hiscox provocou um turbilhão na internet. Ali estava, finalmente, a prova clínica de que cavalos de força equivalem a calcinhas no retrovisor. Se ao menos fosse assim tão simples… Tudo bem, deve haver garotos em Goiás conseguindo transar com as piriguetes da cidade porque elas querem ver o interior da picape de rodas de 12 polegadas. Garotas gostam de bad boys e, por extensão lógica, dos carros desses manés. Mas seria errado supor que é o carro, o maquinário em si, que as excita. Os carros somente são afrodisíacos quando sugerem dinheiro, status e sucesso. “Machos, como parceiros, são valorizados por sua riqueza e poder, por sua capacidade de ajudar a criar a prole”, diz Satochi Kanazawa, professor da Escola de Londres de Economia e Ciência Política e coautor de Why Beautiful People Have More Daughters (Por que Pessoas Bonitas Têm Mais Filhas). “Enquanto isso, as fêmeas são valorizadas por sua juventude e beleza. Essa dinâmica não muda há milênios.” E conclui: “Na medida em que são um sinal às fêmeas, os carros são apenas um indicativo rápido e confiável de nossa afluência material, nosso status tribal”. Será que precisamos de cientistas de avental branco para nos dizer isso? Provavelmente não. Sem um carro decente, você é facilmente descartado como inapto para namoro ou acasalamento. Sempre foi assim. Mobilidade equivale a nobreza, exatamente como o cavalo conferia um status nobre ao cavaleiro.




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